Naipe de Copas: conheça por meio do mito de Eros e Psiquê
- Tati Santana
- 23 de fev. de 2021
- 7 min de leitura
Atualizado: 16 de nov. de 2021
Que o naipe de Copas tem tudo a ver com o universo do amor e de outros sentimentos, os entusiastas do tarot sabem muito bem. Mas você já imaginou conhecer as cartas numeradas desse naipe por meio de um mito grego cheio de romance e aventura?
Pois é! Essa é a proposta da sequência de arcanos numerados do naipe de Copas do Tarô Mitológico, de Juliet Sharman-Burke e Liz Greene. Cada arcano é relacionado a uma parte do mito de Eros e Psiquê, um dos mais belos e românticos da mitologia grega.
A sequência de arcanos menores numerados do tarot vai do 1 ao 10. Seguindo essa série de cartas e o romance de Eros e Psiquê, vamos conhecer a estrutura do naipe de Copas e um pouco dos significados e das lições que ele apresenta.

Ás de Copas: o ciúme de Afrodite
O Ás de Copas do Tarô Mitológico mostra Afrodite, deusa do amor e da beleza (que também tem seu lado malicioso e vingativo), a segurar uma grande taça que simboliza o universo dos sentimentos, das emoções e da receptividade.
No mito de Eros e Psiquê, Afrodite é uma peça fundamental, pois foi por causa do ciúme que sentia da bela mortal Psiquê que ela ordenou que seu filho Eros a castigasse, aproximando-os. Embora o plano de Afrodite tenha dado errado, como veremos no arcano a seguir, foi o sentimento primordial (o ciúme) da deusa que abriu caminhos para o romance.
Assim é o Ás de Copas. Ele representa o início de algo com base no que se sente ou um forte sentimento em sua forma mais plena, pronto para ser desenvolvido.
2 de Copas: o primeiro encontro
Na imagem do 2 de Copas vemos Psiquê amarrada em um rochedo no meio do mar à espera do seu triste fim, pois Afrodite havia ameaçado o pai da mortal, ordenando-o a levar a jovem até lá para que ela fosse devorada pelo monstro das profundezas.
Enquanto isso, Eros se aproxima a segurar uma taça dourada e a sua famosa flecha com a qual ele enchia de amor os corações dos deuses e dos mortais. Foi com essa mesma flecha que Eros se feriu ao chegar ao rochedo e se surpreender com a beleza estonteante de Psiquê a ponto de levar um tombo, sendo acertado pelo próprio instrumento e apaixonando-se pela mortal.
Entre os possíveis significados, o 2 de Copas representa o encontro, a união, a reconciliação. É o momento em que aquele que ama encontra o ser amado. Uma relação é estabelecida.
Porém, ao se abrir para a dualidade, o ser também se abre para as diferenças e a possibilidade de um conflito, como veremos nas próximas partes do mito. Por isso, ele deve ser cuidadoso e prezar pelo equilíbrio.
3 de Copas: a celebração do amor
No 3 de Copas do Tarô Mitológico vemos a imagem do casamento entre Eros e Psiquê, enquanto três ninfas celebram a união e seguram as taças, símbolos do amor e da receptividade.
Após se apaixonar por Psiquê, Eros garantiu que ela fosse levada pelos ventos a um lindo palácio e, ao cair da noite, visitou a mortal, dizendo ser o marido ao qual ela estava destinado e confessando o seu amor por ela. Porém, apesar do casamento, ele não permitiu que a bela mulher visse o seu rosto e fez com que ela prometesse nunca tentar desvendá-lo.
O 3 de Copas simboliza a celebração da união e a satisfação emocional gerada pela realização. No entanto, na jornada do naipe de Copas, ele se refere às primeiras alegrias e realizações, estando ainda distante da plenitude e, por isso, vulnerável aos obstáculos mostrados nos próximos arcanos.
4 de Copas: a semente da insatisfação
Na carta de número 4 do naipe de Copas encontramos Psiquê sentada no belo palácio no qual Eros a colocou, sendo provocada pelas duas irmãs invejosas que plantaram a semente da insatisfação no coração da mortal ao dizer que Eros era, provavelmente, um monstro terrível, já que ele não permitia que a mulher visse o seu rosto.
Psiquê levava uma vida feliz e se sentia muito amada por Eros, que a visitava todas as noites, mas as palavras de suas irmãs a encheram de dúvidas e a deixaram profundamente insatisfeita com a exigência do seu marido.
No tarot, o 4 de Copas representa a insatisfação e o tédio diante de uma situação ou relação. Esses sentimentos podem culminar em um conflito ou traição, mas também podem gerar uma reflexão proveitosa caso sejam bem canalizados, pois são sinais de que algo está errado e precisa de atenção.
5 de Copas: o choro pelo leite derramado
O 5 de Copas do Tarô Mitológico apresenta um momento dramática do mito: movida pelas provocações das suas irmãs, Psiquê acendeu uma lanterna para, finalmente, ver o rosto do amado. Sentindo-se traído, Eros repreendeu a mortal e foi embora, abandonando-a.
No momento em que Psiquê viu o lindo rosto de Eros, ficou tão surpresa que se virou em direção à cama e, em um descuido, feriu-se com uma das flechas do marido, apaixonando-se também. Por isso, a expressão “chorar pelo leite derramado” fez muito sentido para a mortal, que se arrependeu profundamente por tê-lo traído, desperdiçando o amor que recebia.
Das cinco taças da cena, três estão caídas com o líquido (símbolo do sentimento) derramado, mas duas ainda estão de pé, representando a possibilidade de recuperação da felicidade e do amor que parecem perdidos.
O 5 de Copas representa a tristeza, a mágoa e o arrependimento que, apesar de colocarem o ser em um momento difícil e doloroso, são importantes para o aprendizado e a jornada de evolução rumo à plenitude emocional.
6 de Copas: as lembranças do amor perdido
Na imagem do 6 de Copas vemos Psiquê sentada no rochedo a segurar uma taça e os restos do seu buquê de casamento. As outras taças ao seu lado estão intactas.
Após o rompimento com Eros, a jovem mortal se viu novamente solitária em meio ao mar e, desesperada, tentou acabar com a própria vida. Porém, as águas a conduziram para a outra margem e Psiquê decidiu se recuperar e lutar pelo amor perdido, movida pelas boas lembranças dos dias de glória com o belo deus do amor.
O 6 de Copas representa a nostalgia e a recuperação do equilíbrio emocional após um momento de crise. As lembranças que ficam são importantes para o ser, que deve aproveitá-las para aprender e seguir em frente ao invés de torná-las uma fonte de sofrimento e lamentação.
7 de Copas: a hora dos desafios
No 7 de Copas do Tarô Mitológico, Psiquê está ajoelhada diante de Afrodite, deusa do amor e mãe de Eros que, para piorar, está furiosa com a mortal pela traição feita ao seu amado filho. Afrodite aponta para sete taças que pairam no ar, explicando para Psiquê quais as difíceis tarefas que ela deverá cumprir para reconquistar o amor de Eros.
Movida pelo amor, Psiquê está esperançosa e sonha com a possibilidade de poder reconquistar o amado com a ajuda de Afrodite, deusa do amor que, naturalmente, tem domínio sobre os assuntos do coração. Porém, as tarefas exigidas por Afrodite são árduas e vão exigir muito esforço da jovem apaixonada.
O arcano 7 do naipe de Copas representa a imaginação, as possibilidades e os desejos muitas vezes distantes da realidade que, por isso, exigem do ser muito foco, pés no chão e sabedoria para fazer as melhores escolhas e partir para a prática.
8 de Copas: o sacrifício em nome do amor
No 8 de Copas vemos Psiquê na sua última tarefa para reconquistar o amor de Eros com a ajuda e aprovação de Afrodite. Essa tarefa era a mais difícil, pois ela precisava ir até o Submundo (lugar proibido para os mortais) e resgatar um creme de beleza de Perséfone.
Devido às condições do submundo, Psiquê partiu para a última etapa de sua jornada sem qualquer esperança. A ida àquele lugar era sinônimo de morte. Porém, ela não tinha outra escolha e então abandonou o seu lugar seguro para se sacrificar em nome do amor.
O 8 de Copas do tarot mostra o momento em que o ser precisa abandonar algo que estima a fim de alcançar um bem maior, o que implica em deixar uma zona de conforto para entrar em um lugar desconhecido que pode gerar ansiedade e medo. No entanto, esse passo é essencial para a evolução em direção à plenitude.
9 de Copas: o perdão como recompensa
No arcano de número 9, próximo ao fim da série de cartas numeradas do naipe de Copas, vemos Psiquê e Eros felizes e unidos com taças na mão. Ao lado deles, Afrodite ergue uma taça em um gesto de aprovação e contentamento. As outras seis taças estão erguidas e arrumadas sobre o rochedo, indicando o equilíbrio e a vitória após as provações.
O espírito de sacrifício de Psiquê tocou o coração de Eros, que nunca deixou de amá-la. Ele finalmente a perdoou e implorou a Zeus para que ela fosse resgatada do submundo e pudesse se juntar a ele. Afrodite também se sensibilizou com o profundo amor do casal e aprovou a união.
O 9 de Copas representa a vitória e a satisfação emocional após um período de desafios e dificuldades. É o momento de receber as recompensas pelos esforços e ter os grandes desejos realizados.
10 de Copas: o final feliz
No último arcano da série do naipe de Copas, vemos Psiquê e Eros juntos no belo palácio, envolvidos pelo amor e pela plenitude emocional. Finalmente, eles tiveram um final feliz.
Psiquê já não é mais uma mortal. Agora ela tem asas e se tornou uma divindade. Já Eros não esconde mais o próprio rosto, aproximando-se da humanização. Essa transformação mútua e benéfica resultante da relação mostra uma união ainda mais elevada e duradoura entre o casal.
O 10 de Copas mostra a total satisfação no âmbito emocional e a estabilidade que vem com o esforço, o aprendizado e a vitória.
História incrível, não é mesmo? Assim como o naipe de Copas do tarot, ela é repleta de sentimentos, sonhos e, também, de instabilidades, mas culmina em um final feliz no qual o amor sempre vence.
Referência para a criação do artigo: “O Tarô Mitológico” de Juliet Sharman-Burke e Liz Greene.
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