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Tam Lin e a carta da Força: autocontrole como forma de libertação

Atualizado: 11 de jul. de 2023

Quando pensamos na palavra autocontrole, facilmente podemos cair na armadilha de associá-la ao aprisionamento. Afinal, se estamos controlando a nós mesmos, estamos abrindo mão de extravasar, o que aparentemente seria fazer alguma coisa de um jeito muito livre.


Mas, se nos aprofundarmos nisso, logo vamos perceber que é justamente o contrário. Autocontrole é a capacidade de agir com moderação, indo além dos impulsos. O autocontrole nos impede de sermos levados pelos nossos instintos como um barco à deriva no meio de um mar revolto, ou melhor, de sermos aprisionados nesse barco que chacoalha sem parar. O autocontrole nos liberta e amplia o nosso poder de condução diante das situações da vida.


A carta da Força no Tarot nos fala sobre isso. Sua imagem clássica traz uma mulher a controlar amorosamente um leão, símbolo dessa parte instintiva, intensa, selvagem do ser humano. E é justamente esse controle dela sobre si mesma que é a fonte da sua própria libertação. Afinal, se ela não tivesse o seu leão interno aos próprios pés, facilmente se tornaria refém dele. O leão não hesitaria em aprisioná-la e, em pouco tempo, devorá-la, assim como a nossa parte instintiva em descontrole pode fazer conosco.


Ficou confuso? Vamos simplificar. Um homem que costuma ter ataques de fúria no seu ambiente de trabalho e decide trabalhar o autocontrole está se libertando dessa força instintiva que atua sobre ele como um trem descarrilhado, ainda que para fazer esse autocontrole acontecer ele tenha que colocar limites nos próprios atos.


Mas tudo isso fica muito mais poético quando olhamos para o tema por meio do conto de fadas escocês de Tam Lin. No Tarot of the Divine, o deck lindo de Yoshi Yoshitani, esse conto está associado a carta da Força, e é por isso que eu trago essa conexão.


Carta da Força, "Tarot of the Divine"

O conto de Tam Lin diz basicamente que uma moça chamada Janet costumava pegar atalhos pela floresta de uma propriedade deserta e, um dia, conheceu Tam Lin, um belo rapaz que parecia um ser encantado do mundo das fadas. Eles começaram a flertar e acabaram se relacionando. Então Janet, meses depois, descobriu que estava grávida e decidiu voltar à floresta para procurar Tam Lin.


Quando Janet o encontrou e contou sobre a gravidez, ele revelou que não era um ser encantado, mas um mortal aprisionado pela Rainha das Fadas. Mas havia um jeito de Janet libertá-lo: ela teria que aguardar a procissão dos seres encantados na qual Tam Lin também estaria, e então deveria puxá-lo de um cavalo branco, agarrá-lo e não soltá-lo de jeito nenhum, e assim ela fez. Mas a Rainha das Fadas, quando viu o que estava acontecendo, começou a transformar Tam Lin em vários animais, inclusive na Ammit (aquela devoradora de corações impuros da cultura egípcia que era um misto de crocodilo, leão e hipopótamo). Mesmo assim, Janet não o soltou até que amanheceu, a procissão acabou e o feitiço foi quebrado. Tam Lin voltou a ser humano e livre, e os dois se casaram, tiveram muitos filhos e viveram felizes na propriedade do rapaz.


Agora, pense comigo: temos aqui alguns elementos bem interessantes dos quais estávamos falando lá no início. Um animal selvagem, uma busca pela libertação e uma necessidade de controle. Para libertar Tam Lin, Janet precisava agarrá-lo e não deixá-lo partir de jeito nenhum até que o feitiço fosse quebrado, mesmo se ele, no meio do processo, virasse uma feroz criatura devoradora de corações.


O conto é de Tam Lin, mas o mérito desse final feliz está todo sobre Janet, a portadora dessa força interna e externa que fez com que Tam Lin fosse contido e o feitiço fosse quebrado.


E como podemos aplicar a sabedoria desse conto e da carta da Força em nossas vidas na hora de buscar o autocontrole? Bom, podemos começar aceitando que o autocontrole, quando aplicado com equilíbrio, não é uma prisão, mas sim uma forma poderosa de nos libertarmos das armadilhas dos instintos e de evitarmos os desastres que eles podem causar.


Se quisermos viver com mais autonomia, tal como Tam Lin quando queria deixar de ser controlado pela Rainha das Fadas, precisamos entender que temos simbolicamente dentro de nós um animal selvagem que por vezes vem à tona de um jeito descontrolado, exigindo uma força, uma determinação e um amor dignos de Janet para que possa ser contido, permitindo que nos tornemos livres.


E, antes de terminar, vale dizer que esse amor, na prática, é principalmente um amor-próprio. Precisamos amar quem somos, incluindo o nosso lado selvagem, e por meio desse amor prezar pelo nosso equilíbrio. É o amor como fator que não nos faz tentar aniquilar o nosso lado instintivo, e sim controlá-lo com paciência e carinho. Já pensou se lá no conto Janet se desesperasse e destruísse a criatura devoradora de corações ao invés de simplesmente contê-la? Não haveria Tam Lin depois para que eles pudessem viver um final feliz.


O nosso lado selvagem não é nosso inimigo. Ele só precisa ser moderado e integrado à nossa vida com inteligência. É isso!


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©2020

Tatiana dos Santos de Santana

A Taróloga

Tati Santana fundou o Meditarô em 2020, motivada pela paixão pelas cartas e pelo desejo de ajudar pessoas a trilhar o caminho do autoconhecimento e da autotransformação. 

 

Graduada em Comunicação e pós-graduada nas áreas de Jornalismo e de Psicologia Positiva, Tati se redescobriu profissionalmente por meio da abordagem terapêutica do tarot e pôde, finalmente, aplicar o seu conhecimento acadêmico no trabalho que ela realmente ama, realizando consultas e aulas e produzindo conteúdos. 

 

Além do tarot, Tati também atua como facilitadora de Meditação Guiada e de Escrita Terapêutica, duas ferramentas valiosas que se encaixam perfeitamente à Jornada de Autoconhecimento que o Meditarô propõe. Para além das formações acadêmicas, Tati possui formação em Tarot Terapêutico pelo Instituto Cintia Balotta e em Escrita Terapêutica Integrativa pelo Caderno da Gabi.

 

A missão da Tati no Meditarô é levar essas três ferramentas às pessoas - com leveza, diálogo e acolhimento - e inspirá-las a olhar mais para si mesmas, resgatando, assim, a autoconsciência e o poder de transformação.

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