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A Torre no RWS Tarot e na vida: poucas coisas são tão desesperadoras do que vê-la desabar

Para se construir uma torre bem alta, leva tempo. Na melhor das hipóteses, menos tempo, porém, mais esforços e investimentos. Ela precisa ser bem segura, pois todos sabem que uma construção que desaba pode não apenas levar recursos materiais, como também vidas, sonhos e esperanças, o que é infinitamente pior. Tudo isso por si só já seria razão suficiente para que um considerável desespero emergisse das profundezas do ser só de imaginar a possibilidade de ver a sua construção desabar depois de tudo o que foi feito.


No entanto, há muito mais por debaixo dos panos. Quando levamos a torre para a esfera simbólica, tudo isso inevitavelmente se transforma em um mito de Babel sempre presente: seja como for, queremos chegar lá! Lá mesmo, bem no alto, onde a divindade faz morada. Pois lá seremos inalcançáveis e veremos o que os outros não podem ver. Estaremos protegidos e, ao mesmo tempo, experimentaremos o gosto da vitória.


Ah… quão perigoso pode ser esse pensamento! Quando a torre que construímos sobre a nossa base de egocentrismo e ilusão desaba, tudo o que podemos fazer de imediato é olhar com surpresa e, quase sempre, com frustração para o que se desenrola diante de nós. O desespero tende mesmo a aparecer, e não estamos falando de um desespero justificado por uma tragédia da vida real, mas sim de um desespero quase que ingênuo de quem realmente acreditou que construiria a sua “torre simbólica” para se ver acima de tudo e de todos e conseguiria mantê-la erguida para sempre.


Carta do Eremita


Quando Waite idealizou e Pamela Smith ilustrou o RWS Tarot, eles mantiveram a ideia principal da carta que era vista em decks bem antigos como o Tarot de Charles VI (à esquerda da imagem) e o Visconti-Sforza Tarot (à direita), e que bom que assim o fizeram!


A imagem da torre a desabar com um incêndio que se desenrola após a caída de um raio é uma representação perfeita do momento da vida em que o ser se vê expulso da sua zona de conforto, em meio a uma transformação estrutural que à primeira vista mais parece um castigo dos deuses ou uma vingança dos inimigos.


No RWS isso se intensifica com os dois seres captados em pleno ar durante a queda e com uma curiosa ausência de chão. Olha só! Eles nem mesmo sabem onde vão parar. A escuridão da noite também os impede de enxergar. O que pode ser mais desesperador? (rindo sim, mas de nervoso)


Ao mesmo tempo, essa mesma imagem estranhamente traz uma ideia de libertação. Ok, há muito caos envolvido, mas se olharmos outra vez com mais calma para aquela torre tão rígida que mais poderia ser uma prisão bem no estilo Rapunzel, talvez poderemos sentir um certo alívio ao vê-la ruir. A vida fora da torre pode até ser desafiadora e cercada de perigos, mas é nela que há liberdade e possibilidade!


E há tantas outras coisas…


A base desgastada da torre na imagem da carta me faz pensar sobre aquelas situações e relações insustentáveis que construímos em nossa vida. Faz com que eu pergunte a mim mesma e a você: sobre qual base estamos sustentando as nossas construções internas e externas?


Enquanto isso, o fogo que consome a torre me traz alguns questionamentos: os seres em plena queda foram jogados para fora com o impacto do raio ou decidiram se jogar das janelas em meio ao incêndio a fim de escapar do pior? Poderíamos nos inspirar neles no sentido simbólico para admitir que certas torres da nossa vida (situações, crenças, relações, etc) estão prestes a ruir e, então, abandoná-las antes de sermos consumidas por elas?


Bem, o que podemos ter certeza ao olhar para a carta da Torre é que praticamente ninguém escapa da transformação estrutural que ela traz em algum ou em alguns momentos da vida. E isso não é motivo para desespero, como pode parecer (e como costumamos experimentar como uma reação natural), mas sim de alegria por termos a chance de reorganizar as nossas estruturas e experimentar a liberdade de respirar fundo ao ar livre, mais perto do chão e, curiosamente, mais perto do céu do que pensávamos estar antes.



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©2020

Tatiana dos Santos de Santana

A Taróloga

Tati Santana fundou o Meditarô em 2020, motivada pela paixão pelas cartas e pelo desejo de ajudar pessoas a trilhar o caminho do autoconhecimento e da autotransformação. 

 

Graduada em Comunicação e pós-graduada nas áreas de Jornalismo e de Psicologia Positiva, Tati se redescobriu profissionalmente por meio da abordagem terapêutica do tarot e pôde, finalmente, aplicar o seu conhecimento acadêmico no trabalho que ela realmente ama, realizando consultas e aulas e produzindo conteúdos. 

 

Além do tarot, Tati também atua como facilitadora de Meditação Guiada e de Escrita Terapêutica, duas ferramentas valiosas que se encaixam perfeitamente à Jornada de Autoconhecimento que o Meditarô propõe. Para além das formações acadêmicas, Tati possui formação em Tarot Terapêutico pelo Instituto Cintia Balotta e em Escrita Terapêutica Integrativa pelo Caderno da Gabi.

 

A missão da Tati no Meditarô é levar essas três ferramentas às pessoas - com leveza, diálogo e acolhimento - e inspirá-las a olhar mais para si mesmas, resgatando, assim, a autoconsciência e o poder de transformação.

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