Como aprender a ler tarot com confiança? | GUIA ESPECIAL
- Tati Santana
- 9 de abr. de 2022
- 10 min de leitura
Aprender a ler tarot com confiança e precisão é o sonho de muita gente. Além da atmosfera de magia e encanto em torno das cartas (que já atrai muitos à primeira vista), há os benefícios que elas podem proporcionar para o bem-estar e a evolução do ser humano por meio de análises e conselhos valiosos.
Porém, na hora do aprendizado esse sonho pode parecer bem difícil de alcançar, o que acaba desanimando muitos dos que poderiam ser excelentes tarólogos no futuro. A boa notícia é que isso é só uma impressão.
Quando olhamos para as 78 cartas, parece muito e isso pode acabar assustando. De fato, o conteúdo e as possibilidades de interpretação do tarot são infinitas, mas construir uma base sólida para fazer boas leituras é fácil e prazeroso. E é a partir dela que o tarólogo pode fazer leituras para si e para outras pessoas enquanto continua expandindo o seu aprendizado durante a vida.
Neste artigo, vou te dar dicas valiosas para aprender a ler tarot com confiança, com base no conhecimento geral sobre o tema e na minha experiência de aprendizado. Prepara a caneta e o caderninho porque depois da leitura desse guia você não terá mais desculpas para adiar esse sonho!
1. Escolha um deck que te atraia de verdade

Vou começar com uma dica que parece ser óbvia, mas não é. Escolher o deck “errado” pode desandar totalmente os seus planos de aprender a ler tarot com confiança. Isso porque é bem difícil ler o tarot com profundidade (ou usar qualquer outro oráculo) sem estabelecer uma conexão verdadeira com ele.
Costumo dizer que interpretar as cartas envolve 50% de razão e 50% de intuição, e fica difícil tanto para a nossa parte racional quanto para a nossa parte intuitiva se conectar profundamente com imagens que não nos atraem de verdade, especialmente se tratando de imagens que estejam constantemente diante dos nossos olhos, seja durante o uso pessoal ou profissional do tarot.
Ao usar um deck que a gente não gosta verdadeiramente, seja pelo estilo, pela temática ou pelas imagens, a tendência é que a gente se afaste pouco a pouco do oráculo, mesmo sem perceber. E aí, ficamos com a impressão de que já não gostamos de estudar tarot quando, na verdade, só estamos com o deck inadequado para nós.
Eu mesma já troquei de deck no meio do aprendizado, o que melhorou totalmente a minha relação com o tarot. Também já tive uma aluna que passou pelo mesmo processo e ficou fascinada com a mudança de perspectiva quando começou a usar um deck com imagens que realmente a atraíam.
Por isso, ao escolher um deck de tarot (ou mais de um, pois tem gente que prefere ir alternando), certifique-se de que ele realmente te atrai. Observe o estilo e as imagens e, ao adquiri-lo, faça um teste. Manuseie as cartas, “brinque” com elas fazendo combinações aleatórias. Sinta o baralho que você tem em mãos. Olhe bem para as imagens. Depois, pergunte a si mesmo: esse é realmente o tarot para mim?” Se a resposta for “não”, não hesite em trocá-lo. Acredite, isso faz toda a diferença.
2. Conecte-se com as imagens das cartas

Depois de escolher um deck atrativo para você, é hora de começar os estudos. É aí que muitas pessoas ficam perdidas e, ao verem tantas cartas nas mãos, desistem antes mesmo de começar. Para fazer diferente, respire fundo e “comece do começo”, olhando justamente para o centro do desafio.
Se você nunca leu sobre os significados das cartas, esta etapa será especialmente empolgante, pois você poderá construir as suas interpretações do zero antes de estudar sobre as de outras pessoas. É bem simples: olhe carta por carta, sem regras e preocupações, e reflita sobre o que ela significa para você. Quais emoções ela desperta? Ao que você a associa? Fora da sua experiência pessoal, você consegue associar a imagem a algum personagem, mito ou acontecimento na história da humanidade?
Se você já leu sobre o que as cartas significam, o processo será o mesmo, com a diferença de que ao invés de construir as suas interpretações do zero, você começará a expandi-las por meio de uma das fontes mais importantes: a sua psique. É por meio do que você pensa e sente em relação às cartas que outros significados poderão ser agregados.
Esse processo de conexão é importante para que você, mesmo respeitando conceitos “gerais” em torno de cada carta, respeite também o que ela realmente significa para você, encontrando um ponto de equilíbrio. Se você seguir apenas significados engessados que não fazem sentido do seu ponto de vista, como poderá estabelecer uma conexão profunda com o deck e aprender a ler tarot com confiança?
É claro que o tarot não é feito apenas do que as imagens das cartas nos mostram de modo mais superficial, e sim de símbolos, arquétipos, conexões com números e elementos da natureza, entre outras questões. Porém, é nas imagens que tudo isso se manifesta, e são elas que estarão à nossa frente como guias no momento da leitura. Por isso, o meu conselho é que você comece por elas.
3. Leia bons livros e artigos sobre tarot

Chegamos na parte que talvez seja a mais desafiadora, especialmente para quem não gosta muito de ler. Mas pode acreditar: ler bons livros e artigos te ajudará - e muito - a ler tarot com confiança e, mais do que isso, a expandir o seu conhecimento ao longo da vida.
Quando comecei, busquei artigos na internet e adquiri livros por um custo acessível ou mesmo de graça, no formato PDF. Passei um bom tempo lendo e refletindo sobre o que os autores diziam, até que percebi que haviam muitas semelhanças, mas também muitas diferenças entre os significados que eles indicavam.
Para que você não fique tão confuso como eu fiquei, te explico desde já que há as mais diversas interpretações em torno do tarot. Olhando de modo geral, é possível ver grupos e autores que têm visões mais parecidas, mas é praticamente impossível ver uma interpretação completamente igual em razão da subjetividade que faz parte do processo.
Não se assuste. O melhor é absorver o que faz sentido para você e, com todo o respeito às visões divergentes, deixar de lado o que não faz. Fazer essa diferenciação será muito útil para que você fortaleça a sua base de interpretação. Por vezes, você sentirá que pode conciliar certas coisas, e isso é ok. Porém, não te aconselho a tentar conciliar tudo, pois isso será mais uma fonte de confusão do que de enriquecimento para a interpretação.
Sobre os livros, há muitos. Muitos mesmo! Dos antigos aos modernos, passando pelos que vêm junto com os decks e que, muitas vezes, são excelentes e te ajudam a entender melhor a proposta do autor com o deck em questão.
Se você gosta de ler, pode investir naqueles livros gigantes e super detalhados. Se não gosta, melhor escolher obras menores, mas que nem por isso percam a qualidade. Só fique atento para escolher livros que você realmente se interesse em ler e que facilitem o processo. Observe a linguagem, a diagramação, as imagens.
Aqui vão algumas dicas: 78 graus de Sabedoria (Rachel Pollack), Manual do Tarô (Hajo Banzhaf), A Chave Ilustrada do Tarot (Arthur Edward Waite), Tarô Mitológico (Juliet Sharman-Burke, Jung e o Tarô: Uma Jornada Arquetípica (Sallie Nichols), A Bíblia do Tarot (Sarah Barlett).
No campo dos artigos, aqui no site você encontra vários sobre o tarot e sobre cada carta, nos quais faço análises e dou sugestões de interpretação. Também recomendo os artigos do Clube do Tarô, feitos por vários profissionais do Brasil.
4. Faça um curso de tarot na abordagem que mais gosta

Se você já anda pesquisando sobre o tarot na internet, é bem possível que já tenha visto expressões como Tarot Divinatório e Tarot Terapêutico. Pois é, de modo geral, há duas abordagens do tarot que, como os nomes revelam, focam na adivinhação ou na terapia (complementar).
Na verdade, cada uma delas acaba tendo um pouco da outra no sentido de que uma consulta de Tarot Terapêutico, por exemplo, sempre terá um pouco de divinação. A diferença maior é que o foco dessa consulta será analisar questões para aconselhar o ser e proporcionar autoconhecimento, enquanto no Tarot Divinatório o foco é analisar questões para fazer previsões sobre o futuro.
É importante que você busque conhecer um pouco sobre cada uma delas a fim de escolher um curso com a abordagem desejada ou, até mesmo, considerar fazer um de cada estilo para poder seguir as duas abordagens.
Depois dessa etapa, busque um curso ou workshop com um mestre confiável que demonstre possuir uma base sólida de interpretação das cartas, além de uma comunicação adequada às suas expectativas.
Há muitos e muitos cursos e workshops online e presenciais com valores e durações variadas, capazes de promover um crescimento enorme no conhecimento dos aprendizes de Tarot.
As aulas particulares também são uma opção interessante, já que promovem maior proximidade entre o aprendiz e o mestre, o que ajuda no diálogo, no aprendizado e na flexibilidade quanto ao ritmo de ensino.
5. Anote as suas percepções e interpretações

Essa dica é mais do que especial para todas as etapas anteriores, pois é ela que vai te ajudar a construir suas interpretações com base no que você perceber sobre as cartas e no que estudar sobre elas a partir da visão de outros autores ou do seu mestre de Tarot.
Separe um caderno no qual você possa concentrar as suas observações. Aposte em textos, poemas, mapas visuais ou outro tipo de anotação que facilite o seu processo de aprendizagem e te faça expor da melhor forma possível o que você sente e pensa sobre os arcanos ao longo do estudo.
É importantíssimo que as suas anotações façam sentido, primeiramente, para você. Lembre-se que elas servirão como um guia para quando você começar a treinar as tiragens.
6. Utilize tiragens que se adequem ao seu estilo

Depois de aprender sobre as cartas, você chegará na etapa de aprendizado das leituras de Tarot. Nesse momento precisará das tiragens, que são as formas de tirar/distribuir as cartas para, então, poder interpretá-las de acordo com a questão.
Existem muitos tipos de tiragens de Tarot. Entre os mais tradicionais e conhecidos estão a Cruz Celta, a Mandala Astrológica e o Péladan. Aqui no Meditarô, criei o Método das Polaridades que baseia as tiragens que costumo utilizar. Muitos outros tarólogos também criam as suas próprias tiragens.
No processo de estudo, a menos que você perceba um modo de distribuir as cartas que é seu e que facilita o seu processo de leitura, é essencial que você experimente tiragens criadas por outros tarólogos e escolha uma ou algumas para utilizar. Você pode também unir a criação à experimentação, o que poderá te dar bons insights e também uma bagagem interessante em relação às possibilidades de distribuição dos arcanos.
Seja como for, é super importante que as tiragens utilizadas sejam adequadas ao seu estilo de leitura e abordagem do Tarot. De nada adianta, por exemplo, você escolher a Mandala Astrológica se a Astrologia não te atrai, ou criar uma tiragem extensa (com muitas e muitas cartas) se você se sente mais à vontade trabalhando com uma quantidade menor de símbolos a cada leitura. Para você ter um ótimo aproveitamento da tiragem criada ou escolhida, ela precisa te representar como tarólogo.
7. Treine! Com você mesmo, com amigos, com exemplos

Aqui está a cereja do bolo para aprender a ler tarot com confiança. É treinando as leituras de Tarot que você vai melhorar cada vez mais e, com isso, acreditar na sua capacidade de interpretar bem as cartas em meio às mais diversas questões.
Para isso, você pode começar treinando com você mesmo. Tirar uma carta do dia é provavelmente o método mais fácil para começar a se acostumar com a interpretação do oráculo. Tire uma carta que represente a energia do seu dia e veja como ela se conecta ao período, seja por meio dos acontecimentos ao redor, da forma como você se sente e age ou de uma reflexão que ela propõe e que acabe servindo como um conselho.
Depois, você pode fazer tiragens mais complexas para si mesmo, seja analisando o momento da vida, pedindo um conselho geral ou abordando questões específicas como trabalho, amor e finanças.
Tirar as cartas para os amigos também é um caminho interessante para aprender a ler Tarot com confiança. Como há mais intimidade, fica mais fácil perder o medo e a vergonha de fazer uma leitura de Tarot mesmo com os desafios de um aprendiz. Você pode explicar antes que ainda está em treinamento e propor uma experiência mais descontraída sem o compromisso de realizar leituras muito aprofundadas. Com o tempo, você ganhará confiança e todo esse processo vai fluir com muito mais facilidade.
Outra maneira de interpretar as cartas que é menos preciso, mas que também ajuda o aprendiz é por meio de exemplos, ou seja, perguntas criadas apenas para treinamento que não se referem a casos reais. Você pode escrever em um papel perguntas sobre temas diversos, fazer as tiragens e interpretações e depois escrever as respostas como modo de treinar a comunicação das informações obtidas com o oráculo.
Quando o treinamento deve terminar? Você sentirá. A confiança na hora de interpretar e os feedbacks recebidos (caso você leia o Tarot para outras pessoas) são alguns dos caminhos para analisar o seu aprendizado. E mesmo quando você finalizar, pode sentir a necessidade de voltar a treinar no futuro, seja para obter novas experiências ou para se acostumar com um novo deck, por exemplo.
8. Esteja perto do Tarot com frequência

Vamos chegando ao fim deste guia e, depois de tantas dicas, esta pode parecer a mais simples de todas. Porém, se você der a devida atenção a ela, as chances de aprender a ler tarot com confiança rapidamente serão muito maiores.
Quando estamos aprendendo algo, é importantíssimo estarmos frequentemente com o objeto da aprendizagem. Nesse caso, ele é o tarot, seja na forma do nosso deck ou de outros elementos que se refiram a ele. Mas não é que você tenha que estar o tempo inteiro com o tarot em mãos ou treinando tiragens. Há outras formas além do treinamento para que você esteja em contato com o oráculo.
Cultive a leitura frequente de livros sobre tarot (ainda que trechos). Siga tarólogos em mídias sociais para ler posts e ver vídeos com reflexões e orientações sobre as cartas, ainda que nem todos os conteúdos possam se adequar ao seu jeito de interpretar. Relacione as cartas com filmes, músicas, ilustrações e histórias no dia a dia.
Tudo isso enriquecerá a sua relação com o tarot a ponto de você nem precisar do deck em suas mãos para se conectar com a sabedoria dele ao longo da vida. E, quando você estiver com ele na hora da tiragem, conseguirá vê-lo como a materialização de uma estrutura que já está em sua mente.
Dica extra: deixe o excesso de regras e autocobrança para trás
Agora que você quase acabou de ler o guia para aprender a ler tarot com confiança, quero deixar uma dica especial baseada no que eu vivi - e tive que superar - para chegar a esse objetivo.
Deixe o excesso de regras em relação ao tarot para trás, ou você não conseguirá se sentir aberto e suficiente para receber a sabedoria que ele tem a te oferecer. São muitas visões e opiniões divergentes, muitas possibilidades de interpretação, tarólogos com mentes mais abertas e conciliadoras, outros mais críticos e fechados às próprias crenças, e assim a vida segue. Se você tentar agradar a todos, dificilmente agradará a si e aproveitará a sua potencialidade nessa jornada com as cartas.
Escolha o seu caminho e busque o seu melhor dentro dele, priorizando a ética e as boas intenções no uso do tarot. Diminua a autocobrança. Entenda que buscar o seu melhor é diferente de exigir uma perfeição que não faz parte da natureza humana nas condições que vivemos. Use as falhas de interpretação como fontes de aprendizado e aperfeiçoamento, e comemore as interpretações bem sucedidas.
Desejo boa sorte na sua caminhada!
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